Imagens divulgação TV Sergipe. Publicadas pelo blog:
"Imagem da Televisão", para ilustrar o presente artigo.
Texto publicado originalmente no site Liberdades, em 13/12/2017.
No ar, mais um campeão de audiência...
Por: Nestor Amazonas*
Tal qual uma novela da Globo, daqueles de reviravoltas onde
no final tudo acaba bem, bem no estilo de Janete Clair e do gosto popular, a TV
Sergipe fica cem por cento nas mãos de acionistas sergipanos.
Recapitulando: Albano Franco e seu filho Ricardo, já não
vinham se sentindo bem há alguns anos em manter a TV Sergipe na luta contra as
novas mídias, internet principalmente. A emissora afiliada da Globo estava
acostumada a nadar de braçadas, tanto no setor privado quanto no estatal. Os
tempos mudaram nos dois lados do rio.
Na receita nacional a Globo perdeu 26% do faturamento e em
Sergipe este percentual foi bem maior. Na matemática de Albano chegava a dar
prejuízo.
Se non é vero, é bene trovato.
O fato é que este desconforto se fazia sentir desde os
corredores da emissora, passando pelo mercado e agências, chegando até o que ia
ao ar. Dava para sentir a falta de vigor, paixão, tesão pelo trabalho.
Agora, em tempos bicudos, manter a emissora líder dava mais
trabalho que prazer, ou lucro, conforme seu objetivo. O fato é que no rastro da
Rede Bahia, que foi vendida parcialmente para a EPTV, afiliada Globo de
Campinas/SP, a opção de procurar algum outro afiliado da Rede interessado em
comprar e gerir a TV Sergipe parecia a melhor opção.
Dito e feito. Levou algum tempo, mas o Grupo Integração, de
Minas Gerais, mostrou interesse. A TV Integração tem na Rede Globo um excelente
conceito, o dinamismo do Superintendente Rogério Nery fez de suas emissoras
“cases” de desempenho regional na tv brasileira. Tudo ia bem, mas no meio do
caminho, tinha uma pedra (referência ao mineiro mais famoso – o Carlos).
As herdeiras de Cesar Franco, Lourdes/Carolina, detentoras
dos 50% restantes, relutaram em aceitar a entrada de um novo sócio, pagaram
para ver e no final exerceram o direito de preferência e assumiram a totalidade
da TV Sergipe, adquirindo a parte de Albano/Ricardo Franco. Final feliz, imagem
congelada, sobe som de música incidental...FIM...
Ainda não... na imagem panorâmica de Aracaju, vista do Morro
da Piçarra, o letreiro que aparece é o de: “Veja a seguir, cenas dos próximos
capítulos...”
Por mais que aceitemos o dito cultural que é o olho do dono
que engorda o boi, devemos levar em conta que o mercado de mídia, no ambiente
da revolução digital e na economia ainda em crise, vai exigir mais que controle
e pulso firme para resgatar a TV Sergipe da situação em que se encontra. O
reposicionamento estará dos dois lados da planilha, não será apenas cortando
que a conta vai fechar, também terá de se investir em criatividade, interação e
inovação.
Ser empreendedor nos dias de hoje, requer mais que
competência, pede também ousadia, coragem e fé, no mercado, no Estado e no
principal ativo de um veículo de comunicação: seus talentos. Nos últimos anos a
TV Sergipe foi pródiga em se desfazer de profissionais que fizeram a diferença
na programação local, em nome de uma pretensa economia, buscando o resultado
“rabo-de-cavalo” – cresce para baixo.
Que esta novela de sucesso da TV Sergipe tenha mais e muitos
vigorosos capítulos, que surjam personagens novos, produtivos, renovadores dos
ares da emissora pioneira do Morro da Piçarra, que se recupere o brilho do
passado, mas com o olho no futuro, buscando não a simples “Re-novação”, mas a
necessária “I-novação”, modelo capaz de enfrentar e se unir aos novos tempos de
desafios digitais.
E que possamos, mais adiante, dizer... no ar, mais um
campeão de audiência, na sua, na nossa, TV Sergipe.
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* Nestor Amazonas é jornalista, trabalhou nas emissoras da
Rede Globo (SE/BA),
Rede Manchete (PE/RJ e SP) e Grupo Abril.
Texto reproduzido do site: liberdades.com
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