Tiago: tem recebido convites e pode entrar na política.
Fábio: quer ajudar partido a chegar na Câmara Federal.
Gilmar: está no mandato e buscará reeleição.
Publicado originalmente no site do Cinform, em 08/09/2017.
Existiria um PTV: Partido da Televisão?
Por Anderson Christian
Apresentadores que são políticos ou que querem ser: será que
a TV os ajuda a se eleger?
“Quem não é visto, não é lembrado”. Essa máxima vale para
quase todas as situações. Mas, na política, ela é quase que uma regra de ouro,
uma vez que a atividade pública exige que as pessoas que estão em cargos
eletivos ou não se mantenham na lembrança da população que, a cada dois anos,
se transforma em eleitora dos políticos nossos de cada dia.
Assim sendo, será que há algum desequilíbrio entre
candidatos que também são apresentadores de programas televisivos em relação
àqueles que não possuem essa atividade em sua lida cotidiana?
“A legislação eleitoral proíbe a participação em período
eleitoral justamente para evitar desequilíbrios. A lei define prazos que são
entendidos como razoáveis, a legislação acha que é o suficiente para equilibrar
o pleito”, diz Eunice Dantas, da Procuradoria Regional Eleitoral – PRE.
Pé-pé-pé.
Gilmar Carvalho, atualmente sem partido, é deputado estadual
e, ainda que não diretamente, herda uma tradição que começou com o radialista
Laércio Miranda, falecido em 2008. Laércio, nos anos 1980, quando, se envolveu
na política, elegeu-se vereador e chegou a deputado estadual em 1990. Tudo
muito fundamentado em sua atuação na Rádio Jornal.
Eleito suplente de deputado estadual em 2014, desde o início
deste ano Gilmar é deputado de fato. Interessante é que ele está na televisão,
no programa Cidade Alerta Sergipe, da TV Atalaia, desde 2016. Mas não acredita
que isso seja decisivo no sucesso eleitoral. “O que dá vantagens ou
desvantagens a qualquer um na política é o serviço que ele presta ou deixa de
prestar”.
E Gilmar prossegue. “Se a TV fosse tão certeira assim numa
eleição, qualquer apresentador e poderia ser governador e até presidente. A TV
é apenas um instrumento. Dizer que só a TV elege, é um exagero. A TV e o rádio
são excelentes instrumentos. É preciso saber que serviço você presta. E a
população sabe discernir isso”, analisa Gilmar Carvalho.
“Sou da comunicação".
Outro integrante da TV Atalaia, apresentador do Balanço
Geral Manhã, é o ex-prefeito de Socorro, Fábio Henrique. “Mas antes de ser
político eu já era radialista. Sou da comunicação, com muito orgulho”, diz
Fábio, que ainda exerce a função de secretário de Estado do Turismo. “Mas antes
de assumir esse novo desafio, conversei com o governador (Jackson Barreto) e
com o pessoal na TV. Tenho independência e faço questão de registrar que
Jackson jamais pediu que eu mudasse nada em meu programa e na minha postura”,
frisa Fábio Henrique.
De toda forma, Fábio não considera que há uma relação tão
intensa entre apresentação de TV/quantidade de votos por uma razão que ele
mesmo expõe. “No momento estou preocupado em fazer bem feito esse novo desafio
profissional na comunicação e em deixar minha marca na secretaria de Turismo”.
Mas quando a pergunta é objetiva, ele não se esquiva: será
candidato em 2018? “O meu partido, o PDT, precisa de candidaturas a deputado
federal. Eu buscarei contribuir com minha candidatura também. Mas só discutirei
política no ano que vem”, define Fábio.
Novinho.
O outro personagem da reportagem é o apresentador Tiago
Helcias, também da TV Atalaia, que comanda o Balanço Geral Tarde. “Olha, a
televisão pode ser um impulso muito bom. Mas essa coisa da política tem que vir
de fora para dentro, não pode ser apenas a vontade de ser candidato. Tem uma
série de fatores”, avalia Tiago.
Tiago: tem recebido convites e pode entrar na política
Para ele, existem exemplos disso. “Bareta, na minha opinião,
está entre os melhores apresentadores de TV do Estado. Mas, na política, não
deu certo. Portanto, tem muito mais coisas para serem analisadas do que apenas
considerar que, por star na TV, pode se candidatar e vai ganhar”. Mas estaria
Tiago Helcias a ensaiar uma candidatura. “Não nego que os convites existem. E é
como eu digo, tem que ser de fora para dentro. Lideranças comunitárias me falam
que querem me apoiar numa eventual candidatura. E eu estou avaliando tudo isso,
inclusive o cenário político, que indica que a população quer renovação. Mas
vamos ver mais à frente”, diz Tiago.
Aliás, quanto a essa ligação entre política e TV, um outro
grande apresentador e jornalista sergipano, que preferiu o anonimato, tem uma
argumentação interessante para descolar a imagem de que quem é apresentador,
ganha eleição e ponto. “A população quer um jornalismo que cobre, que
investigue, que vá para cima do poder público. Não quer um jornalista que seja
o próprio poder público. O povo sabe discernir muito bem isso”, revela o
apresentador.
Barbas de molho.
Pelo sim, pelo não, vale o aviso para os apresentadores e
para a população: a qualquer sinal de abuso do poder de um veículo de
comunicação de massa e concessão pública, como são as emissoras de televisão, a
punição pode vir por aí. Ou, como diria o citado Bareta: “a cana é dura”!
“A legislação impõe parâmetros, iguais para todo mundo. Mas
nós analisamos caso a caso para saber se houve abuso. Já tivemos um caso, o do
ex-prefeito de Capela, Sukita, que foi investigado e nós constatamos que houve,
sim, abuso. E era no rádio, só que distribuía prêmios”, recorda a procuradora
Eunice Dantas.
Para ela, tudo bem que os apresentadores sejam candidatos ou
que os candidatos sejam apresentadores. “Nós vamos analisar caso a caso, sem
nenhuma dúvida”, frisa Eunice Dantas. Portanto, senhores apresentadores, com a
chegada de 2018, das eleições, saibam se portar diante da câmera, do microfone
e, finalmente, diante de seus respectivos públicos. Porque, em caso de abuso, a
PRE pode fazer de um “campeão de audiência”, um “campeão” de processos eleitorais.
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